domingo, 11 de outubro de 2009

Céu dos gatinhos



"- Óh mana, para onde foi o gatinho ?
- Foi para o céu.
- Para o céu dos gatinhos ?
- Sim lipa.
- O céu dos gatinhos é como o céu das pessoas, não é ?
- É sim.
- Então ele está feliz. Com muito peixinho para comer, muitos amigos para brincar e pessoas boas para tratar dele, não é ?
- É sim.
- Então se ele está feliz, eu nao choro mais.
- Ainda bem, mas chorar faz bem. Significa que gostavas muito dele.
- Ó mana, quando eu morrer posso ir visitá-lo ao céu dele ?
- Se fores uma pessoa boa podes. Só entra no céu dos gatinhos quem for bom.
- Então eu serei uma pessoa boa. E quando eu for para o céu, vou ao céu dos gatinhos e vou brincar com ele.
- Sim, daqui por muitos e longos anos. "

Tive esta conversa com a minha irmã à uns anos atrás, à mais de dez. É das recordações mais remotas que tenho. Acalmou-me o coração quando o meu gatinho morreu.
Hoje, voltou a acalmar-me quando o meu bebé morreu. O meu pequenino Poyalle. Recolhi-o a ele e aos irmãos à sensivelmente duas semanas. Tinham na altura 2/3 semanas. Pensei que fossem sobreviver os três. Hoje quando ia para lhes dar de comer, percebi que ele não estava bem e, quando peguei nele, soube que ia morrer. Doeu-me tanto. Envolvi-o num cobertor para ele ficar quentinho e encostei-o ao meu peito. Esperamos os dois que a hora chegasse. Ele olhava para mim, sereno. As lágrimas rolavam-me pelo resto. Não podiamos fazer nada. Só esperar. Encostei-o a mim e dei-lhe miminhos. Quando percebi, ele já estava morto. Uma dor enorme percorreu-me o corpo todo e chorei como se o mundo tivesse acabado. Naquele momento o meu mundo tinha desmorenado. Era o meu bebé, o meu pequeno bebé.
Pousei-o na minha cama e chorei desesperada à espera de um milagre. Passou-se mais de uma hora.
Quando ganhei coragem, levantei-me, fui ao quintal, peguei numa pá e fiz uma cova. Não conseguia acreditar que ia enterrar o meu bebé. Pior do que saber que ele estava morto, era saber que nao poderia voltar a vê-lo, a tocá-lo. Deixei o buraco aberto e vim para dentro. Passou-se mais uma hora.
Peguei nele e fui para a beira do buraco. Não conseguia deixá-lo lá. Voltei para dentro e durante mais de uma hora andei com ele para trás e para a frente. Entre mimos, beijos e lágrimas esperei novamente um milagre. Percebi que tê-lo ao meu colo era prolongar o meu sofrimento. Embrulhei-o no seu lençol, juntamente com um dos meus colares. Para onde quer que ele fosse, levava consigo algo meu para saber que nunca o abandonarei. À beira da cova, com ele embrulhado nas minhas mãos. chorei. Só conseguia chorar. Pousei-o no buraco e tapei-o. O meu pequeno bebé estava agora debaixo da terra e eu não lhe poderia tocar mais. Com umas pedras, marquei o local. Fiz uma campa, como lhe chamou a minha mãe. Deitei-lhe umas flores e chorei. Chorei porque a alma doia-me imenso. Era o meu bebé que estava ali.
Vim para dentro e procurei forças onde nem sabia que tinha. Tenho mais dois bebés para cuidar e tenho que lhes dar tudo o que tenho.
O meu bebé morreu pequenino. Agora, está no céu dos gatinhos a tomar conta dos manos, da mãe e do pai, e de mim. E quando eu morrer, vou ao céu dos gatinhos dar-lhe muitos beijinhos e brincar com ele, porque eu sei que nunca o esquecerei.

Poyalle - 11/10/2009

Cheguei a casa da escola e vinha contente. O dia tinha corrido bem. Quando fui ver os gatinhos, o Maicha estava morto. Doeu-me. Não estava à espera. Peguei nele e enterrei-o junto do irmão. Não chorei. Doeu-me, mas nao chorei.
Decidimos levar a Miatty ao veterinário. Tinhamos medo que ela também morresse. Chegamos ao veterinário e fomos logo atentidas. Deram-lhe soro glocosado quente, antibiotico e leitinho. Ela miou e colocou-se de pé. Parecia que tudo se ia resolver. Trouxemo-la numa caixinha quentinha. Ficou no carro enquanto fui tratar de umas coisas.
Quando cheguei ao carro e lhe fiz uma festinha, percebi que estava morta. Doeu-me tanto, mas tanto. Senti uma dor tão grande. Doeu-me pelos três. Porque ela era a última e eu tinha depositado nela todas as minhas esperanças. Chorei tanto.. Ainda choro. Doi-me tanto.. Perdi os meus três bebés. Vejo-os constantemente na minha cabeça e ouço-os. Ouço-os miar por mim.
Agora, resta esperar que o tempo cure um bocadinho da minha dor. As saudades, essas, são para sempre.

Eterna saudade

Poyalle - 11/10/2009
Maicha - 14/10/2009
Miatty - 14/10/2009
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