segunda-feira, 15 de março de 2010

Cartas soltas…Todas a ti (IV)


Temo que esta seja uma das últimas cartas que te escrevo. Creio que já te disse tudo o que tinha a dizer.
O sangue que tu congelaste já voltou a correr-me nas veias. O coração que tu destruíste já bombeia outra vez. Cheio de remendos, é verdade. Se estão bem cozidos? Não sei. Teremos que esperar para ver. Talvez as linhas cedam com o passar dos anos. Ou talvez se tornem mais resistentes.
Quando era pequenita, a minha avó dizia sempre à minha mãe “Deixa a pequenita brincar à vontade. Se cair e esfolar os joelhos, a água limpa e o tempo cura.”. Tu foste o maior trambolhão que eu já dei. Rasgaste cada milímetro do meu corpo. Se tivesse sido atropelada por um camião não teria ficado em tão mau estado.
Mas passou. Como tudo. E como tudo, deixou marca. Profunda.
Sabes, voltei a cair. Desta vez, com o triplo da força. Ainda estamos no princípio, mas o sofrimento que me provocaste, comparado com o que ele provoca, foi como o roçar de uma pena na minha pele. As forças? Consomem-se como pólvora. Já começo a ver o rastilho. O fim está próximo. Não peço força para superar. Só peço força para aguentar.
Volta para mim com todo o teu sofrimento. Cedo-te o meu coração para rasgares a teu belo prazer. Não és capaz de me causar nem um quinto do sofrimento que ele causa. Podes voltar a dissipar cada milímetro do meu corpo. Nunca chegarás tão fundo quanto ele. Vem e trás contigo toda a raiva que sentes, todo o ódio que nutres, todo o desespero que sofres, todo o tormento que és capaz de infligir. Vem. Serei a tua cobaia. Deposita em mim todos os males que carregas. Aceitar-te-ei com um sorriso no rosto. Agora, serás como uma pena que roça ao de levo em mim.



quinta-feira, 11 de março de 2010

Receio



O que é que fazemos quando o nosso maior receio caminha a passos largos para nos vir destruir?

Matem-me de uma vez.
Os meus pulmões já não sabem como respirar,
E o meu coração recusa-se a bater.

domingo, 7 de março de 2010

Confusão



Sabem como percebemos que as coisas não estão tão bem como pensamos?

Quando a vontade de partir é muito superior à de chegar.

E logo eu, que sempre fui mais de ficar, do que de ir.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Cartas Soltas... Todas a ti (III)

Aqui estamos nós outra vez. Sinto que passaram anos desde a última vez que falamos. Foi tanto tempo assim? Não creio. Mas o abismo que se criou entre nós equivale a um milénio de separação. Saudades tuas? Corroem-me a alma. Poderia eu viver cem anos, cem décadas, cem milénios que a saudade não desapareceria.
Irá chegar um dia em que a tua imagem será como uma cassete riscada que começa a desaparecer. De tantas vezes posta no leitor de cassetes, a fita começa a desgastar. E aí, arrumá-la-ei. Não posso permitir que desapareças em vão. Mas um dia, quando os meus dias estiverem a terminar, serás colocado no leitor com todo o carinho. E recordar-te-ei. Irei ver a fita apagar por completo. No televisor, apenas ficará uma imagem em branco. De ti, nem sinal…
Quando esse dia chegar, a loucura e a insanidade vão-se apoderar de mim.
Por agora, vivo com a certeza de que tenho imensas cassetes guardadas à espera de serem gravadas. E sabes… mais nenhuma delas será gravada com a tua pessoa. Quando o meu dia chegar, haverá imensas cassetes repletas de momentos de amor e felicidade. No entanto, apenas uma ou duas terão um cheirinho teu e já estão catalogadas e arrumadas no meu sótão, a ganhar pó.

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